Placenta

A placenta é um orgão fantástico, em muitas culturas adorado como um precioso tesouro, alvo de vários rituais (desconhecidos pela cultura ocidental) após o parto. Não é para menos! É através da placenta que o bebé e a mãe ficam intimamente ligados, como se fossem (e será que não são mesmo?) um único organismo....

Se olharmos com atenção para a placenta, e conseguirmos ultrapassar a nossa primeira tendencia ocidental de aversão, podemos apreciar a sua beleza e extraordinária semelhança com uma árvore: a forma, a função e a simbologia.

A sua massa maior, parece a copa de uma árvore frondosa, enquanto que o cordão umbilical parece o tronco...

Tal como as raizes de uma árvore, durante a gestação, a placenta filtra uma grande quantidade de elementos toxicos do sangue da mãe, que assim alimenta em segurança o bebé em desenvolvimento... tal como as raizes de uma árvore, também a placenta não consegue filtrar todos os elementos toxicos, sendo que, se estes estiverem presentes, irão passar para o bebé e prejudicá-lo. Como não consegue filtrar tudo, e sendo a placenta responsável pela segregação de várias hormonas durante toda a gravidez, algumas das quais aumentam a sensibilidade e reacção da mãe a certas substâncias (cheiros intensos, fumos, café, etc), podemos dizer também que é a placenta que alerta a mulher para o que pode ou não fazer, de forma a aumentar a protecção do bebé em desenvolvimento. Para além disso, a progesterona segregada durante toda a gravidez bloqueia a libertação de mais óvulos (difcultando uma nova gravidez) e outras hormonas travam o sistema imunitário da mãe, o que dificulta o processo de "combate" orgânico e "destruição" do corpo estranho (bebé) que cresce no útero... finalmente, em perfeita sintonia, quando é detectado na placenta a presença de uma proteina libertada pelo pulmão do bebé (assim que fica pronto para poder respirar o ar), este orgão para de segregar a progesterona e inicia a libertar a occitocina, hormona que despoleta as contracções úterinas que dão início ao parto.

Simbolicamente, assim como uma árvore faz a ligação entre o céu e a terra, garantindo a existencia de vida dependente de oxigénio, também a placenta é o elemento de ligação entre a mãe e o bebé, que através dela se enraizam um no outro, permitindo que as gerações se sucedam, como numa sinfonia, através dos ciclos da vida e da morte.